sexta-feira, 1 de junho de 2012

PROJETO “PÃO” DA VIDA


 


 

QUEM SOMOS?


 

Um grupo de homens e mulheres que entendem que a igreja na forma em que se encontra não é capaz de alcançar seu objetivo, seu sentido de existência. Desta forma nós decidimos nos unir com o objetivo de tentar uma nova maneira de influenciar nossa igreja e nossa sociedade.

Estamos cansados de reclamar, criticar e não fazer nada. Pois a critica meramente pelo critica é destrutível. Nós, porém queremos fazer algo que possa servir de exemplo e incentivo, fomentando uma mudança radical em nossa forma de ser igreja.


 NOSSO PROSITO


 

Nosso propósito não é um propósito novo, mas o mesmo que sempre foi e sempre será. O de sermos para o louvor da gloria de Deus, em seu Filho Amado, Jesus Cristo! Pois, entendemos que esse é o sumo propósito da existência da Igreja em todas as formas que ela se expressou ao longo da historia, mesmo quando isso não foi alcançado. Por isso, em nossa opinião a igreja atual carece de uma nova forma de ser. Se esta quiser alcançar aquilo pelo qual ela foi alcançada por Seu Senhor!

Na verdade sabemos que essa igreja que aí se encontra, precisa passar não apenas por uma nova reforma, mas, muito mais por uma constante reformulação em sua forma de ser e em suas multiformes maneiras de se expressar no mundo.


 

O PROPOSITO DESCRITO NAS ESCRITURAS


 

Desde o Antigo Testamento Deus já anunciava o propósito da sua vontade em ter criado e escolhido Israel como exemplo do seu plano maior, que é a Igreja, o esboço de uma nova sociedade.

 

Isaías 43:7 e 21.


 

“a todo aquele que é chamado pelo meu nome, e que criei para minha glória, e que formei e fiz.”

“esse povo que formei para mim, para que publicasse o meu louvor”


 

No Novo Testamento já cumprida a promessa, o apostolo Paulo escrevendo aos Efésios, no primeiro capitulo cita três vezes o propósito de Deus com aqueles que escolheu para serem seu povo

 

Efésios 1:6,12 e 14.

 “para o louvor da glória da sua graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado;

 com o fim de sermos para o louvor da sua glória, nós (os judeus), os que antes havíamos esperado em Cristo; o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para o louvor da sua glória.”


 

Deus criou o homem com um propósito bem definido em seu Filho Jesus, mas o homem caiu e se extraviou não servindo mais ao propósito inicial, foi destituído da gloria de Deus. Pois quando o homem foi criado Deus o corou como senhor sobre a criação.

 

Hebreus 2:


 

 6 Mas em certo lugar testificou alguém dizendo: Que é o homem, para que te lembres dele? ou o filho do homem, para que o visites?

7 Fizeste-o um pouco menor que os anjos, de glória e de honra o coroaste,

8 todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos pés. Ora, visto que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou que não lhe fosse sujeito. Mas agora ainda não vemos todas as coisas sujeitas a ele;

 

Por causa do pecado o homem perdeu essa gloria.

Romanos 3: 23 Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.


 

Porém Cristo veio e nos restaurou em si para o Pai.

Hebreus 2:9 vemos, porém, aquele que foi feito um pouco menor que os anjos, Jesus, coroado de glória e honra, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.


NOSSA MOTIVAÇÃO PARA CUMPRIRMOS O PROPOSITO DE DEUS.

 

A nossa força motriz, a nossa motivação deve ser a participação na gloria que há de vir. Os versos abaixo comprovam isso.

1Co 10:31 Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus.

 

Romanos 8: 17-21

17 e, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados. 18 Pois tenho para mim que as aflições deste tempo presente não se podem comparar com a glória que em nós há de ser revelada. 19 Porque a criação aguarda com ardente expectativa a revelação dos filhos de Deus. 20 Porquanto a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou 21 na esperança de que também a própria criação há de ser liberta do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus


 Romanos 5:2

 por quem obtivemos também nosso acesso pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e gloriemo-nos na esperança da glória de Deus.

 

Colossenses 1:

27 a

quem Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, a esperança da glória; 28 o qual nós anunciamos, admoestando a todo homem, e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo;


 

EM RESUMO:

1.     Fomos criados para sua gloria;

2.     Fomos criados para participarmos desta gloria;

3.     Fomos criados para proclamar essa gloria.


 

TAMBÉM TEMOS O DEVER DE ANUNCIAR AOS HOMENS E MULHERES QUE DEUS LHES CHAMA PARA FAZEREM PARTE DESTA GLORIA.


 

Mateus 5;16

Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.


 

1 Pedro 2:9

Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.


 

A IGREJA ATUAL TEM SE TORNADO EM MUITOS ASPECTOS INSÍPIDA PARA INFLUENCIAR A SUA GERAÇÃO

 

O próprio Cristo afirmou que seus discípulos eram o sal da terra, porém, também os alertou que em sendo o sal da terra eles deveriam tomar o cuidado para não acabarem se tornando sal insípido, ou seja, sem sabor e, por fim sendo desprezados e pisados pelos homens. Sejamos sinceros se isso não tem acontecido com a igreja brasileira? Mesmo que isso não aconteça na sua totalidade, mas com o caminhar da carruagem é inevitável. Tudo isso porque esquecemos muita rapidamente a historia da igreja. Parece que propositalmente fechamos os olhos para o passado. Pois a historia nos ensina o que pode acontecer, mesmo com nossa impossibilidade de prever com exatidão o que pode ou não ocorrer, porque disso só quem sabe é Deus.


 

UM POUCO DE HISTORIA


“Lamentavelmente, onde não há reflexão sobre o passado, também não há uma compreensão adequada do presente nem uma base apropriada para projetar-se em direção ao futuro” C. René Padilla, O que é missão integral.


 

No final do século IV d.C. a igreja se tornou uma instituição formal, dentro das leis dos homens, assim aceita pelo império romano que já estava em decadência. Desta data em diante os homens usaram o nome de Deus para matar, roubar, mentir, manipular e cometerem as piores barbaridades e tudo isso como igreja. Você pode até perguntar, e Deus, onde estava? A resposta é que Ele estava no mesmo lugar que antes, no seu trono!

Deus é absolutamente o senhor da historia! Porém ele deu a liberdade e direito ao homem de atuar na construção dessa historia. Mas se os homens estão rebelados contra Ele, se acham no poder de escrever sua própria historia desvinculada do Soberano Diretor da historia que é Deus. Eu acredito piamente que Deus é Senhor absoluto da historia, porém não acredito que Ele manipule todos os detalhes do desenvolvimento histórico da humanidade. Isso é muito mais uma opinião dogmática de Deus do que realmente uma verdade. Deus não criou o homem para ser marionete, mas sim, um sujeito histórico que colaborasse com Ele para executar seu plano redentor. A historia esta aí para comprovar que muita das vezes Deus permitiu os rumos catastróficos da historia sem intervir para evitar as tragédias. Não porque Deus é mal, ou deixou a humanidade ao seu bel prazer, mas para mostrar ao homem as conseqüências dos seus atos, intenções e desobediência para com sua vontade. Porém, também a história bíblica esta aí para provar as inúmeras vezes que Ele interveio diretamente no desenrolar dos fatos, exemplo:


 

·        A confusão ou diversidade das línguas na torre de Babel, que resultou na criação das nações (Historia mundial);

·        A conservação do povo de Israel no Egito e seu próprio Êxodo dele;

·        A formação do reino de Israel ( Historia nacional);

·        O exílio babilônico de Israel, quanto seu retorno do mesmo para Jerusalém;

·        As sucessões de reinos, Babilônia, Medo-persa, Grécia e o império romano (Historia mundial);

·        Na própria trama que envolveu o plano redentor por meio de Cristo, (nesse muito mais);

·        Na diáspora judaica no ano 70 d.C. conseqüência da destruição do templo.


 

Estas são apenas algumas das incontáveis intervenções de Deus na historia. Agora devemos responder sobre as vezes que Deus não interveio nos acontecimentos históricos, pelo menos de forma direta (?)


 

·        Deus não evitou que a igreja se tornasse corrupta ao longo do período que vai de 400 a 1500 d.C.;

·        Deus não evitou as revoluções na Europa do século XVIII-XX, que matou milhares de pessoas;

·        Deus não evitou que os espanhóis matassem na America 100 milhões de nativos;

·        Deus não evitou a Primeira guerra Mundial;

·        Deus não evitou que Hitler chegasse ao poder, o que causou uma segunda guerra Mundial, que matou mais de 50 milhões de pessoas;

·        Deus não evitou a invenção da bomba nuclear, que é uma arma de destruição em massa;

·        Deus não evitou o holocausto dos judeus;

·        Deus não evita os tsunamis e os terremotos.


 

OU INTERVEM? RESPONDA VOCÊ!


 

Há tantos outros fatos ocorridos que poderiam ser citado aqui. Tanto o primeiro exemplo, quanto o segundo são para provar a Soberania de Deus. Pois Soberania não é somente ter o poder de submeter e fazer as coisas conforme sua vontade, mas é também o poder de escolher não fazer absolutamente nada!  Numa palavra, é por isso que mesmo acontecendo o que acima foi citado Deus esta no controle de todas as coisas, principalmente da historia! Porque nada esta fora do seu controle!


 Resumindo, desenvolvi isto para que fique claro que Deus pode sim permitir que a igreja torne-se insípida, fria, cega para seu verdadeiro propósito e ser pisada pelos homens. Foi o que aconteceu na Europa. Infelizmente a igreja brasileira esta no mesmo caminho, se não abrir os olhos vai acontecer. A despeito dos crentes dizerem, ta amarrado, ta repreendido no nome de Jesus, pode acontecer.


 O projeto pão da vida é um chamado a revolução, não nos moldes marxistas, mas sim nos moldes de Cristo, como uma contracultura, um contra fluxo dos valores da “igreja babilonizada” e da atual sociedade. È um protesto contra o materialismo exacerbado, tanto da “igreja” como do mundo. Coloco entre aspas essa igreja, porque ela não é a que cristo idealizou, como uma nova comunidade que será a nova sociedade universal de Deus.


 

PARA UMA REFLEXÃO E AÇÃO*


 

1.     A vida do homem não consiste somente na satisfação de suas necessidades biológicas, mas também em realizar em si o propósito divino;

2.     A pessoa humana é de supremo valor na vida social e, conseqüentemente, não deve ser usada como “um simples instrumento de produção, um animal de carga, uma fonte de exploração”;

3.     As relações humanas se baseiam na fraternidade, em uma solidariedade que transcende as barreiras de raça, nação ou classe social;

4.     A vida social requer cooperação em vez de conflito e concorrência, razão pela qual o lucro deve ser substituído pelo serviço e pelo bem estar comum;

5.     A doutrina cristã sobre a propriedade não é a da propriedade privada, mas sim a da mordomia, de maneira que os bens devem ser adquiridos com justiça e usados para o bem da sociedade;

6.     Todas as vocações têm uma dignidade que se encontra no serviço a Deus e ao próximo;

7.     A liberdade, concebida como “liberdade para realizar nossa vocação e responder ao propósito divino”, é uma condição indispensável para uma ordem social justa;

8.     O amor é a lei suprema da vida; ele esta ligado à paixão pela justiça social;

9.     A paz é conseqüência da justiça e por isso “a melhor maneira de trabalhar pela paz é trabalhar pela justiça”.

 

*Extraído de “o que é missão integral” C. René Padilla.

terça-feira, 1 de maio de 2012

O MEU PRO-TESTAMENTO POR UMA REFORMA ATUAL!!!



Por uma reforma na igreja do Brasil! Para voltarmos a Cristo, que é o centro de tudo; para voltarmos a uma consciência pura, que é fruto da habitação do Santo Espírito; para que a igreja deixe de ser uma pedra de tropeço ética, moral e religiosa como tem sido nestes últimos dias, por causa de lideres e também de crentes que servem mais aos seus deusejos do que a Deus. Reforma para que a igreja volte a ser considerada gente e, não, mais prédio, templo de concreto; reforma para que haja manutenção da vida e não da instituição. Reforma para que a igreja volte a ser representante do Amor de Deus, quando serve ao próximo, quando consegue dar mais do que recebe, quando se sacrifica em nome de Cristo em prol dos explorados, marginalizados, dos excluídos e pobres dessa nação.  Reforma, para que as pessoas consigam ter um referencial de boa conduta, de como viver uma vida decente, de como viver para Deus em serviço aos outros...
Reforma, para que as pessoas possam ser libertas não só de um sistema mundano perverso, mas também dos perversos sistemas religiosos; que oprimem e roubam as vidas, escravizando as pessoas. Reforma, para que a igreja possa abandonar seu curso atual de babilonização, pois esta, da forma em que se encontra, age como Babilônia agia, conquista, escraviza, tiraniza e sincrétiza malignamente. Reforma, para que as pessoas sejam libertas da igreja-Egito, pois assim como os egípcios faziam com seus escravos, obrigando-os a construir cidades, palácios e pirâmides, estes faraós-pastores fazem o mesmo, obrigando aos membros de suas igrejas a levantarem megas estruturas, para que eles os lideres-faraós possam reinar sobre eles, oremos a Deus para que se levantem nessa geração muitos Moisés. É preciso uma reforma, para que o PÃO da VIDA que é CRISTO seja anunciado e distribuído de GRAÇA e, não vendido por homens e mulheres que se apoderam desse pão de forma a obter lucro. Pois nos parece que para estes lideres-pastores, Jesus até é o pão da vida, mas eles são o recheio desse pão, Jesus é o pão da vida, mas eles são o requeijão, Jesus é o pão da vida, mas eles são o incremento, o açúcar sobre o pão, Jesus é o pão da vida e eles são os padeiros que vendem esse pão, embora esse PÃO tenha descido do céu GRACIOSAMENTE!!!
Reforma, para que as pessoas deixem de ser egoístas, ególatras, cínicas e possam negar em verdade a si mesmos se dando altruisticamente aos outros, assim como Cristo o fez. Reforma para que os dízimos, ofertas e demais contribuições não venham a ser usadas somente para manter a máquina institucional, mas, muito mais subsidiar a vida de gente que precisa comer, beber e vestir, dando-lhes dignidade como gente e não espiritualizando sua existência muitas vezes miserável. Reforma, para que os lideres da igreja vivam uma vida simples, sem ostentação, dando o exemplo ao rebanho. Reforma, para que estes deixem de enganar o povo com mitos e fabulas sobre enriquecimento imediato. Reforma, para que estes lideres deixem de fazer da igreja um hipermercado do sagrado, para que ela volte a ser casa de oração para todas as nações. Reforma para que o conceito de santidade e eleição da igreja atual que é preconceituoso, excludente, seja transformado, para que o restante dos homens busque a Deus. Reforma, para que a igreja não venha se tornar insípida (se é que já não aconteceu) e seja igual a terra que os homens pisam e cospem; reforma, para que a luz que ainda resta na igreja não se apague, envolta pelo cesto do mal testemunho dela mesma diante dos homens.
Reforma, para que a igreja como cidade e sociedade de Deus, retorne a sua edificação, sua construção sobre o MONTE, pois nós temos conseguido ofuscar isso, contrariando o que Cristo afirmou: “Não se pode esconder uma cidade edificada sobre o monte”, que pena a igreja consegue isso.
Reforma, para que a igreja produza obras de justiça, para que estas resplandeçam diante dos homens e Deus seja GLORIFICADO.
Reforma, para que o nome de Jesus volte a ter a primazia na pregação, no evangelismo e não o nome do dono da igreja local, nem o nome da denominação. Reforma, para que as pessoas sejam honradas, valorizadas e elogiadas, pelo o que elas são em cristo e não mais pelo o que elas tem, como acontece cotidianamente na igreja. Enfim, reforma, reforma, reforma é o que a igreja atual precisa e, esta reforma só pode acontecer de maneira verdadeira e duradoura se for feita de acordo como a forma do Deus conosco, Jesus Cristo, que é a expressão exata do ser de Deus, a quem contemplamos com nossas faces descobertas, num espelho, a sua gloria, somos trás-formados com glória crescente, na mesma imagem que vem do Senhor, que é o Espírito!!!

domingo, 29 de abril de 2012

Quais as qualidades de um bom líder?

Hoje em dia a falta de pessoas que poderiam ser referencial de honestidade, bondade e moral é um fenômeno que atinge tanto a sociedade quanto a igreja.  Pois a maioria das lideranças da vida publica e da vida religiosa sofrem de uma doença crônica que parece esta na base de nossa cultura do “jeitinho brasileiro.”
Esse jeitinho brasileiro pode ser percebido na dicotomia da vida de lideres políticos e espirituais que não tem escrúpulo quando o negocio é enganar e manipular. Isso é inaceitável tanto numa esfera quanto na outra. Porem na primeira, a esfera política os pilantras roubam, engana, manipulam, pois sabem que a justiça dos homens além de tardar também falha! Na segunda esfera, que é do espiritual acontece a mesma coisa, os lideres das igrejas roubam, mentem, manipulam, todavia a diferença esta na aplicação da justiça, pois estes serão julgados por Deus e, sua justiça pode até tardar, porém nunca falha! Às vezes ouço alguém criticar um político por sua falta de honestidade, ética  etc, porém outras defendem estes mesmos políticos argumentando que eles “roubam mas fazem”, são desonestos mas asfaltaram as ruas, votam em projetos que beneficiam a comunidade, por isso podem até enganar com tanto que também façam algo de bom para a população, é válido roubar, enganar e mentir. Essa é a dicotomia que eu tinha falado no começo de nosso dialogo o qual a pessoa pode ser desonesta numa coisa e honesta em outra sem contradição, pelo menos aqui!  E o pior é, que esse jeitinho brasileiro de ser também penetrou na igreja, ou melhor, foi aperfeiçoado por ela, principalmente pelos lideres-pastores. Sei que isso não se aplica a todos os pastores (as), mas me atrevo a dizer que uma grande porcentagem desses se enquadram nessa descrição.

Todos sabemos que a falta de tais qualidades como, honestidade, verdade, moral não deveriam fazer parte das lideranças evangélicas, mas infelizmente é o que mais se vê. Quero agora, porém descrever de acordo com um texto da Escritura, três qualidades de um bom pastor! 

I PEDRO 5: 1-3

1 Aos anciãos, pois, que há entre vós, rogo eu, que sou ancião com eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e participante da glória que se há de revelar:

2 Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força, mas espontaneamente segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de boa vontade;

3 nem como dominadores sobre os que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho.



Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força...

Em outras traduções a palavra “por força”, pode ser também por constrangimento, ou melhor, por obrigação.

O apóstolo Pedro escreveu sua epistola para os cristãos que estavam dispersos no mundo de seu tempo por causa da destruição do templo em Jerusalém pelo general romano Tito em 70 d.c.
No capitulo 5 dessa epistola ele começa a exortar a liderança dando algumas orientações para o bom andamento da igreja.
E a primeira coisa que ele exorta aos “presbíteros” que  aqui é o mesmo que pastores, é que eles possam pastorear o rebanho sem “constrangimento”, não por força ou obrigação!  Hoje em dia muitos pastores (as) só tem o titulo, mas não são o que dizem ser, são um simulacro-pastoral, tem aparência sem conteúdo, não gostam de apascentar as ovelhas, só gostam do status que este titulo lhe traz.  Me parece que Pedro tinha o mesmo problema com algumas pessoas que achavam que tinham de apascentar por força ou obrigação, pois algumas pessoas querem o titulo de pastor (ra), porém sem ter que cumpri-lo, pois a idéia bíblica de pastor (ra) é que ele tem que apascentar e não ficar inventando coisas só para não ter que lidar com os problemas das pessoas. Elas exercem o pastorado mais por obrigação ao titulo do que voluntariamente, pois queriam o titulo não para fazer o que Cristo pediu para Pedro, mas para ter proeminência sobre as ovelhas, você conhece ou conheceu pastores assim? Eu já!

Desta forma a primeira qualidade que um bom líder-pastor deve possuir é ser voluntario, deliberado no que faz, faz por entender sua responsabilidade e não fica passando na cara das pessoas o que faz por elas, esperando elogios e bajulações. Ser voluntario neste sentido é ter a consciência de ter sido chamado por Cristo para exercer uma liderança baseada no amor, porque quem ama não obriga e nem é obrigado a fazer nada, pois pastores que apascentam por obrigação faz todo mundo também trabalhar na igreja de forma obrigatória, conhece alguns pastores assim? Eu conheço. O pastoreado para eles é um peso, por isso todos os que estão debaixo desse julgo sentem o mesmo, tudo o que fazem, fazem debaixo de uma tremenda pressão de cobrança por parte da liderança, porque os mesmos se sentem obrigados.

Você que esta na igreja deve observar se o líder apascenta por força, por constrangimento ou por obrigatoriedade. Observe se quando alguém da igreja esta enfermo, se ele, o pastor (ra), vai visitar o doente por obrigação ou por amor a ovelha, pois a ovelha doente na concepção de tais lideres não pode produzir lã, nem leite e nem carne, ou melhor dízimo e oferta e, por isso eles não tem tempo há perder com quem não lhes dá lucro para sustentar seus luxos e caprichos.

Servir voluntariamente, ser voluntario é a primeira qualidade de um bom líder-pastor! Seja um observador de seu líder e veja se ele realmente é o que diz ser, faça como os crentes de Beréia fizeram com o apostolo Paulo. Atos 17:11

11 Ora, estes eram mais nobres do que os de Tessalônica, porque receberam a palavra com toda avidez, examinando diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim.

Você tem tudo para ser um nobre discípulo de Cristo se for prudente e examinar a conduta dos lideres para ver se vivem de acordo com o que dizem. Não se deixem enganar, o padrão é Cristo e a Escritura sagrada! O que passa disto é invenção humana que será usada pelo diabo.
A primeira coisa que Pedro diz para os lideres é que eles deveriam apascentar o rebanho não por força, mas sim voluntariamente. A segunda coisa é não apascentar por sórdida ganância (buscando meramente o lucro), mas sim de boa vontade. Quero dizer que a segunda qualidade é dependente da primeira, só quem faz a obra de Deus voluntariamente pode fazê-la de boa vontade e isso também é verdade com o inverso, pois só quem faz de boa vontade, faz voluntariamente!
Boa vontade é a segunda qualidade que Pedro indica aos lideres se quiserem fazer as coisas de acordo com Cristo. Pois Ele se deu, se ofertou em sacrifício de forma voluntaria, Ele mesmo afirmou que ninguém toma sua vida, mas que Ele a dá em prol do amor do Pai e pelos pecadores.

Para que fique acentuada essa qualidade é preciso falar da sua antítese que é apascentar por sórdida ganância. Essa má qualidade é bem conhecida de nós hoje em dia, pois o que não tem faltado é líder-pastor que se tornaram lobos vorazes por dinheiro, status e poder. Quando um líder-pastor não apascentar por voluntariedade, então o faz por obrigação e como tudo o que é obrigado deve ter um lucro, deve-se ganhar, uma recompensa, pois só assim valerá a pena ser obrigado a fazer, vai ter resultados lucrativos, então vale a pena apascentar, mão por Deus em beneficio das ovelhas, mas por si e em beneficio de si mesmos. Se você conhece lideres assim não é mera coincidência é fato e, contra fatos não há argumentação falsa!
Tais lideres gostam de falar muito sobre dinheiro, sobre como prosperar, porém o mais engraçado é que eles dizem aos seus ouvintes como eles devem fazer para prosperar e eles mesmos  que prosperam, pois a lógica da coisa é que se alguém descobriu a formula de ganhar dinheiro, de prosperar não iria vender essa formula, ou iria? Penso que não!
No entanto os meios que esses lideres usam para enganar são multiformes. Campanhas, shows, desafios, a oferta é muito grande, pois a demanda também o é. O pior de tudo isso é que tem gente que gosta dessas coisas, a indústria das promessas funciona porque as pessoas querem que funcione, porque o povo gosta de mitos, ilusões. São pastores que gostam de usar as escrituras de acordo com suas intenções ao ponto de trazerem de volta maldições que Cristo já havia tirado dos que crêem, pois Malaquias 3:8-10 é maior do que Cristo para tais lideres-pastores, só observar suas pregações de dizimo e oferta e, o pior é que após essas euniões agente não sabe se saimos e um culto ou da noite do terror do playceter!

Pastoreai a igreja que Deus te permitiu ser responsável não por torpe ganância, mas de boa vontade, isto só é possível quando se esta com a vontade de Deus instalada no coração. A boa vontade em Cristo é o lucro, pois grande é o lucro que trás a piedade em Deus.  Boa vontade é uma palavra que não existe no glossário dos pastores-cananeus. Porque só conhecem a vontade de si mesmo. Suas pregações de dizimo e ofertas são prolongadas e tem mais valor do que a palavra que exorta, consola e edifica. Iludem os membros com falsos moveres que eles dizem ser do espírito santo, fazem as pessoas caírem no misticismo para depois lançarem as iscas. Estes foram bem treinados os místicos do neo-pentecostalismo. Em Suas reuniões tem de tudo, eles caem no espírito, só não se sabe em que espírito, boa vontade e não vontade pervertida, uma vontade inspirada por Cristo em contra partida  a auto-vontade humana. Este é o conselho de Deus para todos nós, apascentar sem lucrar, sem querer aparecer, sem status, nem poder, mas sim de boa vontade. E também como a primeira e segunda qualidades estão intrinsecamente ligadas, a terceira também esta.

A terceira qualidade é não apascentar como ditadores, mas como exemplo do rebanho. Pastores ditadores, personalistas só o que existe nas igrejas evangélicas.
É fácil conhecer o caminho de pastores ditadores, estes apascentam por obrigação e por isso esperam obter lucro e a única forma de permanecerem lucrando é manipulando as pessoas. Pastores ditadores são aqueles que gostam da posição que ocupam e sabem muito bem como tirar vantagem dessa posição. São excelentes chefes, pois uma das característica de uma pessoa que é chefão e não um bom líder. É que elas sabem muito bem como mandar as pessoas fazerem as coisas mais elas mesmas não fazem. Querem que os outras vão orar na igreja, mas elas ficam em casa assistindo televisão. Mandam os membros fazem evangelismo, mas eles não fazem nada, sempre com a desculpa de que já pagaram o preço. Estes pastores são como os fariseus que Jesus censurou dizendo;
MATEUS 23


1 Então falou Jesus às multidões e aos seus discípulos, dizendo:
2 Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e fariseus.
3 Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam.
4 Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.
5 Todas as suas obras eles fazem a fim de serem vistos pelos homens; pois alargam os seus filactérios,

Estes pastores trabalham por meio da teologia do medo, da teologia do terror, ninguém pode sair, pois se sair eles lançam maldições, se parar de dizimar eles mandam o devorador pegar a pessoa, porque o devorador é como um bicho de estimação, este lhes obedece. Pregam a lei pro outros, mas eles mesmos estão livres dela. Gostam de ser elogiados por seus escravos-discipulos, pois estes aprendem desde cedo a bajulação ao líder e chamam de honra. Eles desonram a Deus com a maior cara de pau, mas querem ser honrados pelos homens, sem saberem que aquilo que é exaltado entre os homens é abominável para Deus. Os pastores ditadores de hoje não usam mais filacterios, porque na verdade saíram de moda, hoje eles usam roupas de grife, sandálias e botas de grife, enquanto pessoas passam fome, eles e elas esbanjam como reis e princesas. Gostam de falar de justiça, porém só a que lhes convém, acham que Deus é cúmplice deles. Eles amaldiçoam por meio do divino, quem não concordar com eles ai destes, pois eles têm o poder de contratar Deus para que este desça sua mão de ira sobre estes, pelos é como eles pensam. A palavra diz, não como ditadores, mas como exemplo, exemplo, quem quer liderar deve primeiramente dá o exemplo, ficar em casa enquanto os outros estão evangelizando não é exemplo, moldar a igreja ao seu bel prazer, dominar a esposa ou dominar o esposo e ainda ensinar tal doutina aos membros da igreja não exemplo é imposição. O pior é que um povo que é liderado por um líder-pastor ditatorial, absolutista acaba ficando opressor também com os familiares, com os amigos, porque tendem a reproduzir a ditadura que sofrem, parecem mais que estão indo em um tipo de exercito do na igreja. Tais lideres tem a ultima palavra, pois jamais aceitam ser contrariadas e todos ao seu redor concordam com eles, não porque estão certos, mas porque temem discordar deles, mesmo discordando na mente e no coração, mentem com a boca. Enfim devemos apascentar o rebanho de Deus não como tirano e tirana, como chefes que mandam, mas nada fazem. Porque mesmo disse que aquele que quisesse ser líder entre o rebanho deveria servir a todos os outros. Eu pergunto se você vê isso no seu líder? Eu já andei por algumas igrejas e o que vi foi muita exploração dos lideres em relação a membresia, pois estes querem ser tratados como reis, eles ao invés de servir querem ser servidos, sem perceber que estão indo na contra-mão do que Jesus ensinou;

Mateus 20:25-28
25 Jesus, pois, chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os governadores dos gentios os dominam, e os seus grandes exercem autoridades sobre eles.
26 Não será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva;
27 e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será vosso servo;
28 assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.
Numa palavra, é melhor servir do que ser servido, pelo menos segundo Cristo.
Isto é o que os lideres-pastores devem aprender, deixar de aterrorizar os membros, trata-los como gente igual a eles e não querer que sua igreja local torne-se seu campo de concentração particular, seu gueto, sua senzala! Temos que aprender a apascentar sem ser ditatorial, mas como exemplo do rebanho, para que quando o Sumo pastor-lider se manifestar possa nos dar a coroa imperecivel da gloria!!

terça-feira, 24 de abril de 2012


Narciso, Freud, Nietzsche, Adão e a Imagem.
 
MARCOS NICOLINI
 
Na Grécia antiga, 700 antes de Cristo, a moral era repassada e aculturada, a partir de contos mitológicos sobre seus deuses, que viviam no Monte Olimpo, e seres meio humanos meio divinos, retratando valores sociais e culturais daquele povo.
Um destes contos é sobre Narciso, um jovem belíssimo que jamais havia visto a sua própria face. Certo dia estando ele num bosque, após um dia inteiro de caça, cansado, sedento e com calor, viu uma fonte de águas claras, em meio à relva e abrigada do sol por estar próximo às rochas, e logo se aproximou, a fim de banhar-se em suas águas. Ao se debruçar para beber, logo viu uma bela criatura que o contemplava de dentro da fonte. Toda vez que Narciso sorria para tal criatura, ela também lhe sorria; ao acenar para ela, prontamente também lhe acenava. Mas, quando ele tentava abraçá-la, ela desaparecia. Narciso desejava que a criatura saísse da água e viesse a seu encontro, mas como ela se recusava a sair, Narciso mergulhou no lago, indo até às profundezas à procura de tão bela criatura que fugia dele, morrendo afogado nesta tentativa. Narciso morreu de amor por sua própria imagem.
Hoje chamamos de narcisista aqueles que cultuam sua própria pessoa, que sobre-valorizam a sua própria imagem e se acham absolutamente belos, quer esteticamente, quer moralmente.
Sigmund Freud, o pai da psicanálise, certa vez disse que toda ciência não passa de um mito. O mesmo Freud propôs em sua teoria da psicanálise que os seres humanos são regidos por dois instintos básicos: os instintos de vida, que servem ao propósito da sobrevivência e da propagação racial, onde, a fome, a sede e o sexo se enquadram; e os instintos de morte, ou destrutivos, e ele supunha especificamente que a pessoa tinha um desejo inconsciente de morrer, o que o levou a formular seu famoso ditado: “a meta de toda vida é a morte”.
Nenhum pensamento contemporâneo reflete mais o instinto e morte do que o niilismo (embora este tipo de mentalidade tenha sido aprimorado no Século XIX). O niilismo tem como mote o viver para o nada e negar a vida, designando uma espécie de homem que nega os valores, é ateu e ressentido. Em Nietzsche, o filósofo alemão, o niilismo ganha um contorno mais amplo, negando os valores metafísicos e ontológicos, assim como declarando, pela voz de um bêbado, que o Deus cristão está morto! Morrendo Deus o homem deve bastar-se em si mesmo, vivendo um tempo de desespero até que se levante um sobre-homem (übermench), um ser sobre-humano que tenha força de caráter baseado em sua própria imagem idealizada. O niilismo, portanto, tal como Nietzsche o concebe, não consiste apenas na desvalorização dos valores supremos aceitos, pois a ruína desses valores torna urgente a criação de novos valores que os substituam. O niilismo seria a característica desse estágio intermediário, entre o crepúsculo dos deuses antigos e o anúncio do mundo novo, feito à imagem e semelhança do homem.
O homem feito à imagem e semelhança do homem, assassinando seu Criador.
Mitos à parte, houve um homem, na história da humanidade, que determinou o instinto de morte em todos os demais que depois dele vieram, que olhou para o espelho de sua própria alma e amou-se a tal ponto que disse em seu coração: “Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte; subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo”. Em outras palavras: “para que Deus, pois posso eu mesmo conhecer o bem e o mal e neste meu discernimento sou supra-suficiente para estabelecer os fundamentos de minha existência, independente do Criador?”
Adão, o homem que amou-se mais do que a amou a Deus e com isto morreu em seu devaneio de conhecer-se a si mesmo, sem Deus. O homem que olhou para seu próprio potencial e capacidades e nesta intenção de auto-suficiência, produziu a morte freudiana e niilista. O Narciso (Adão) que se amou, e nesta paixão tresloucada por si, na busca de si mesmo, no aprofundamento de sua busca infernal, sucumbe enlouquecido e desesperançado. A morte do ser e da busca do ser conhecido no Supremo.
Adão olha para o espelho e se vê, e em vendo esta tão bela imagem de si mesmo, concebe a idéia de que pela dialética do bem e do mal, poderá ir até as profundezas de si mesmo e lá encontrar sua real imagem, e por ela obter sua própria superação: o ser sobre-humano. Pelas suas teses e antíteses obter conhecimento e verdade sobre o Ser e o não ser, o ontológico e o perceptível, o espírito e a carne.
Narciso, que é Adão, em sua viagem vê esvair suas forças e encontra a morte, não de Deus, mas de si mesmo; nem sempre a morte física da fome, da miséria, da violência, da guerra, da tortura, mas a morte da solidão, da angústia, da desesperança, do stress, da exclusão, da loucura, da ignorância, do individualismo, da moral irracional, da culpa, do fracasso, da desilusão, da religião vazia, da forma sem conteúdo, do desamor, da falta de perdão...Seu amor egocêntrico não o permitiu olhar para o espelho do seu espírito e ver lá a presença da vida, que geme no desejo de absorver o mortal.
O Narciso, que é o Adão, olha para o espelho de sua alma e contempla sua própria natureza, contemplando um abismo vazio e sem imagem (Tiago 1: 23 e 24), mas o que olha para o espelho do espírito, e pela fé contempla seu Senhor, este vê refletido a imagem (II Coríntios 3: 18) daquele por cuja Palavra tudo foi feito e pela qual todas as coisas são sustentadas. Este homem vê-se, não super-homem, mas na estatura de ser perfeito (Efésios 4: 13), pois o que vê, em vez de sua imagem, vê a imagem do Filho de Deus, a essência do Ser, criador.

Ser Nu

MARCOS NICOLINI



O ser nu se vê nu, está nu, relaciona-se nu e não se percebe nu.
O homem Adão nu e a gênese do homem vestido, escondido, simulado, enrustido, pervertido, moralizado, separado, hierarquizado, deformado.
Vamos nos propor a, hereticamente, ler Adão não sob a égide do cronos – dos segundos, minutos, horas, dias, séculos, etc -, do homem criado e colocado na história, antes vamos transgredir e lê-lo metaforicamente a partir do kairos, do tempo que não é tempo: que foi amanhã, será ontem e é hoje.
Esqueçamo-nos das defesas cosmológicas e teológicas: o eterno conflito ente Caim e Abel. Sejamos infantis, ingênuos e criativos, e apenas leiamos a palavra Adão como se esta fosse sinônimo de gente, de homem, de mulher, de ser humano atemporal, de todo tempo e de tempo nenhum. Falemos dele não como um ícone de nossa defesa de tese científica, filosófica ou teológica, mas como uma metáfora que se repete em cada um de nós: Adão; ou simplesmente: a metáfora do homem nu.
Este Adão criado nu e posto na terra; a terra que tão pouco, nesta metáfora, é um planeta, mas, transcrevendo Pierre Levy* “a Terra não é outra coisa senão o mundo de significações que, no paleolítico, desabrocha na linguagem, nos processos técnicos e nas instituições sociais...a Terra não é o solo originário, nem o tempo das origens, mas o espaço-tempo imemorial cuja origem não se pode designar, o espaço que sempre existiu da espécie, que contém e de onde transborda o início, o desdobramento e o futuro do mundo humano. A Terra não é um planeta, sequer a biosfera, mas um cosmos em que os humanos estão em comunicação com os animais, as plantas, as paisagens, os lugares e os espíritos. A Terra é esse espaço onde os homens, as pedras, os vegetais, os bichos...encontram-se, falam-se, misturam-se e separam-se para se reconstruir perpetuamente...sobre a Terra tudo é real, tudo é presente, e a visão obtida no transe, a palavra inspirada...Sobre a grande Terra nômade, o sonho e o despertar certamente não se confundem, mas sustentam-se, interpenetram-se e alimentam-se um ao outro. Os animais vivem num nicho ecológico. O humano imediatamente ultrapassa todo nicho, humano vive sobre uma Terra que ele elabora e re-elabora constantemente em suas linguagens...a humanidade é a espécie devotada à Terra, ao cosmos dos animais e das plantas que falam, a espécie devotada ao "caosmos" das metamorfoses...a revolução neolítica evidentemente não suprimiu a grande Terra nômade e selvagem, o jardim imemorial. O inconsciente é uma péssima palavra para traduzir essa permanência da Terra, pois ela nos fala de uma pequena esfera empobrecida, individual, familiar, de onde o cosmos foi excluído. A grande Terra cósmica está sempre aí, ressoando muito longe sob nossos passos, sob o cimento dos territórios, sob os signos irrisórios do espetáculo. Atravessando as fronteiras das identidades, o coro da Terra canta ainda a sua louca canção de sonho e de vida, o canto que sustenta a existência do mundo.”
Adão está nu sobre a terra: sabe-se nu, mas não se percebe nu. Ele está nu diante de Deus, de Eva, da criação; de seu espelho. Diante de si está nu, mas o que é estar nu, ou vestido, não é diferenciado em si, em sua mente. Não indaga, não cogita, simplesmente ele não está nu: é nu.
Não há insegurança, vergonha, ocultamento, distinção, repartição, proteção. Não há roupas a tirar.
Talvez interpretemos o tempo nu, entendendo o tempo da roupa. A roupa que é o ícone da moral de nosso tempo. É a veste, é o véu, é a separação, a interpretação, a máscara do ser escondido.
A roupa é em si mesmo um símbolo de nossa época, de muitas épocas. A roupa é proteção contra as intempéries: o frio e calor, vento, sol, poeira... Apresenta-se como um agente de segurança e proteção contra as condições externas: as agressões na terra. A armadura medieval-contemporânea, proteção contra os atritos na terra.
A roupa nos insere no cosmos, além da terra. O cosmos herdado, pré-concebido, pré-conceituado, preconceituoso, moral. A roupa nos insere e posiciona na cultura, na sociedade, no tempo e na moda. É o cartão de visita das tribos, dos clusters, dos guetos, das castas, dos nichos, dos bichos...É o veículo da identidade, da linguagem sem som, do diálogo de babel, da embalagem antropomórfica: a indústria da reificação. A chave social.
A roupa da terra, do cosmos, do eu. Que oculta, separa, limita, exclui, deixa-ver-não-deixa-ver. Equipara e distancia. Não se é visto, sendo olhado. Não se é entendido, sendo percebido. Camufla, simula, encena, expressa velando. Limita o olhar ao espaço e à linguagem censurada. É a água do iceberg.
Mas o ser Adão está na terra e no cosmos, entretanto é nu. Está na terra, pois da terra veio, formado do pó da terra, ligado a ela. Está no cosmos, pois interfere na terra com a linguagem, sendo consciente pelo espírito que lhe foi doado, gerando a alma que pensa, e concebe, e critica, e nomeia, e transita em meio às espécies e a besta: a serpente que falseia.
O homem nu é livre; antes é o ser humano nu, pois macho e fêmea os criou. São um, embora dois, sendo nus.
O Adão é livre porque não tem véu: conhece a verdade. Ele é perfeito até que se achou iniqüidade em seu coração, e disse: quero ser Deus, matando Deus da minha existência.
Adão se vê nu, se percebe nu, dá conta de seu estado descoberto e cobre-se.
A experiência do homem nu diante do gato, como nos relata Jacques Derrida**: “freqüentemente me pergunto, para ver, quem sou eu – e quem sou eu no momento em que, surpreendido nu, em silêncio, pelo olhar de um animal...tenho dificuldade, sim, dificuldade de vencer um incômodo...vergonha de quê, e nu diante de quem? Por que se deixar invadir de vergonha? E por que esta vergonha que enrubesce de ter vergonha?...Vergonha de estar nu diante de um animal...Assim, nus sem o saber, os animais não estariam, em verdade, nus. Eles não estariam nus porque eles são nus. Em princípio, excetuando-se os homens, nenhum animal jamais imaginou se vestir. O vestuário seria o próprio do homem...o “vestir-se” seria inseparável de todas as outras figuras do “próprio do homem” (palavra, razão, logos, história, rir, luto, sepultura, dom, etc)...Para o homem...o vestuário corresponde a uma técnica”.
Costurar para esconder a sua nudez percebida: a técnica das técnicas, a primeira técnica. Sempre, até ali, esteve amoralmente nu, quando se vendo nu, moraliza-se cozendo, vestindo-se, escondendo a condição que não percebia. Sua nudez agora é maior, sob a roupa, do que anteriormente sem dar-se conta. Esconder é sua segunda técnica.
Argüido a respeito de sua condição moral sobre o nu que era, ainda oculto e escondido, ele se põe vítima, faz-se irresponsável, acusa e perverte a lógica: “a mulher que Tu me deste...” A lógica do macho, do “machomo” que queria ser Deus, dizendo: “foi culpa Sua, que me deu esta mulher e ela me conduziu ao erro; sou vítima do sistema, sem responsabilidade casual”.
Adão, agora nu, por estar vestido, desenvolve a técnica de fazer roupas, de ocultar-se na terra e perverter a lógica. Sua nudez mortal.
O ser nu, agora vestido, ocultado e pervertido, está desesperançado, dilacerado em sua escolha, sonhando em voltar para um estado que se fecha, num lugar que se desfez, para um Éden proibido. Não há mais o ser despido até que a nudez seja vista novamente sem ser percebida e esta nudez cubra o nu dos que não são nus.
O segundo Adão: a nudez daquele que é. Aquele que é, sendo visto como de fato é: sem véu, sem mistério, sem perversão. Sua nudez está na cruz, sua roupa está no chão, sendo negociada pelos homens nus vestidos, ocultos e pervertidos: “se és Deus, salva-te”.
O Homem nu que ousou dizer: “Eu Sou”, embora tenha se esvaziado do Ser. O Ser nu, que não se ocultou, mas fez-se carne e andou como homem; não acusou, antes substituiu: fez-se nu, para cobrir o nu e trazer dignidade ao ser que não pode mais ser nu. Não veio para desnudar o homem nu, mas trocar-lhe as vestes, lançando fora a folha da parreira e pondo-lhe linho puro e rubro. Não veio restabelecer a condição nua e despida, mas lança-lo na condição nua e revestida.
O homem, o sujeito subjetivo moderno, que vê ser rasgada sua roupa e é lançado à terra desnudo, desvelado numa condição de não controle do desvelamento, tece novas roupas de simulação, se fazendo ele mesmo o próprio véu, reificado em sua condição nua, pós-moderna.
Em sua nudez rejeitada, proibida, imprópria e inacessível, vê sua própria mortalha: o sepulcro caiado. Na nudez que não é sua, mas traz a veste da nudez permitida, vê a vida, a recolocação na esfera do Ser pleno, de ser restaurado. Este homem que está nu, olha para o espelho e vê o Homem que é nu. Ao olhar para a nudez que não mais é sua, e nem de Eva, é vestido para ser livre: livre para ver a verdade.
*Pierre Lévy: O Espaço do Saber, extraído do livro L'Ntelligence Coletive - 1995
**Jacques Derrida: O Animal que sou - 1999

A subversão dos valores humanos


Cristo ao longo de seu ministério subverteu as ordens religiosas e morais vigentes em seu tempo. Ele virou de cabeça para baixo tudo o que era tido como valoroso diante dos homens, mas que para Deus não passava de aparência piedosa vestida de mandamento divino. Os judeus do tempo de Cristo estavam comprometidos com a “religião da figueira”. Como no episodio em que Jesus quando ia para Jerusalém saindo de Betânia Ele teve fome e viu ao longe uma figueira cheia de folhas, então deduziu que ela deveria esta lotada de frutos, pois a figueira produz os frutos antes de florescer sua folhagem, porem Ele não encontrou nada, a figueira era um simulacro, uma simulação religiosa, fingia ter o que realmente não tinha. Assim também eram os escribas e fariseus que viviam de uma aparência piedosa, buscando esconder o vazio interior e sua nudez existencial, mascarados por sua religiosidade a qual negava o Verdadeiro Deus, fazendo de si mesmos seu deus.

Porem esse subterfúgio não foi uma invenção dos religiosos judeus, pois desde o principio da criação do mundo ela, a religião da folha de figueira, manifestou sua face hipócrita. E foi o primeiro homem, Adão quem fez uso desse artifício humano, quando após ter pecado cozeu para si folhas de figueira como veste, querendo assim esconder a nudez de seu corpo e agora de sua alma. A folha de figueira é usada aqui como uma alegoria, uma figura de linguagem, é a representação da mais sublime tentativa humana de se esconder de Deus e, de se alto justificar perante Ele, assim como fez Adão após o pecado, escondendo-se atrás das arvores.

Tomando aqui emprestada um trecho da dogmática do teólogo suíço, Emil Brunner, que afirma:

“A primeira conseqüência da Queda, na historia da Queda, é esta: que o homem tenta se ocultar de Deus. Toda a religião humana fora da revelação particular caracteriza-se por este esforço para se ocultar de Deus; de fato, não apenas toda religião, mas a vida do pecador como um todo traz esta marca”  p. 168


 Sendo assim podemos afirmar que até mesmo as produções cientifica são facetas do fruto do conhecimento do bem e do mal e da religião das folhas de figueira, pois estas praticas não muito diferentes das manifestações religiosas fazem uso das folhas de figueira, porem por meio do fruto do conhecimento do bem e do mal, e o pior é que, estes só não se escondem de Deus, mas pretensiosamente querem tomar o lugar de Deus em justificar a si mesmos como homens-deuses por intermédio de suas razões. Pois para a ciência o conhecimento é a base de toda a verdade, sendo as folhas de figueira sua produção por excelência.
O único problema tanto da veste quanto da mascara fruto das folhas de figueira, sejam estas da religião ou da ciência é, que diante de Deus nada esta oculto, escondido, mas ao contrario, todas as coisas estão patentes, desnudadas, desveladas perante os olhos Daquele que a tudo penetra. Hebreus 4:13.

Por isso Cristo tantas vezes reprovou as atitudes dos escribas e fariseus, que sempre zelavam mais pelas as aparências, do que pelo conteúdo. Suas ações eram feitas com a intenção de trazer os holofotes sobre si e não de glorificarem a Deus.
Hoje em dia esse mesmo espírito, essa mesma cultura das folhas da figueira é dominante em nosso meio. Ela tomou nova cor, nova cara, tem muitos nomes: campanha, sacrifício, evangélico, mas continua sendo um poderoso artifício humano tanto para se esconder de Deus quanto para tomar seu lugar na mente e no coração da humanidade.
É por isso que Cristo sempre exortava seus ouvintes a conhecerem a si mesmos, a partir de dentro e não a partir das externalidades das aparências piedosas, como segue abaixo: Lucas 11:37-41.


Acabando Jesus de falar, um fariseu o convidou para almoçar com ele; e havendo Jesus entrado, reclinou-se à mesa. O fariseu admirou-se, vendo que ele não se lavara antes de almoçar. Ao que o Senhor lhe disse: Ora vós, os fariseus, limpais o exterior do copo e do prato; mas o vosso interior está cheio de rapina e maldade. Loucos! quem fez o exterior, não fez também o interior? Dai, porém, de esmola o que está dentro do copo e do prato, e eis que todas as coisas vos serão limpas.”

 Podemos até cobrir nossa nudez com as folhas da figueira, mas jamais ocultaremos de Deus a nudez de nossa alma.




A antítese dos valores humanos


O sermão do monte pode de fato nos servir de exemplo para embasar a construção de uma antítese dos valores do mundo, assim como o próprio Cristo proclamou para os religiosos moralistas de sua época a falência inexorável de tais valores humanos perante Deus. Pois Cristo deixou bem claro para eles que tudo aquilo que de alguma forma era tido como possuindo valor para os religiosos, Ele pôs abaixo perante seus ouvintes, como nos mostra o relato de Lucaas;

“vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações: porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é coisa abominável, execrável, repulsiva” Lucas 16:1.

Aquilo que tinha valor para eles, não passava de excremento e latrina para Deus.
Por este motivo Cristo tanto os censurou de forma tão severa, tentando fazer com que eles enxergassem a nudez existencial de suas almas, mas eles estavam cegos para perceberem a desgraça em que se encontravam. Assim é também agora com nossa geração que em sua busca insaciável por felicidade, lucro, status, sucesso e  fama como forma de auto-afirmação pessoal, que tem como conseqüência direta a auto-justificação de seus objetivos hedonistas, onde os fins justificam os meios, não importando o preço a se pagar para alcançar seus anseios egolatras. Infelizmente essa mentalidade esta profundamente arraigada no mundo, tanto quanto nos círculos fechados da igreja evangélica, que na maioria das vezes se pensa impenetrável por esse tipo de influencia, à da religião das folhas de figueira e de seus frutos racionalistas do bem e do mal, mas que na maioria das vezes ela é sua maior consumidora e proliferadora desses valores.

A igreja evangélica, como os fariseus e escribas, tanto come desse fruto como usa as folhas dessa arvore para se cobrir, exemplo disso são, suas campanhas, suas ofertas, seus cultos, seus shows gospel, que na maioria das vezes são usados como forma de autojustifcação e não como serviço abnegado para Deus. Desta forma  isso representa a mais alta rebelião contra Deus, pois auto-justificação é idolatria de si mesmo, porque se põe em pé de igualdade com Deus que é o único capaz de justificar o homem por intermédio da fé em Cristo Jesus. Como o próprio Jesus dizia aos religiosos que se achavam melhores que os demais homens, porque guardavam a lei e cumpriam os mandamentos ao pé da letra condenavam todos os que assim não procediam. Eles se auto-justificavam diante de Deus, isso esta explicito no relato de Lucas 18:9-14.

 “Propôs também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano. O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda com este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho. Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: ó Deus, sê propício a mim, o pecador. Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a si mesmo se humilhar será exaltado.”

Nessa parábola fica claro para nós a forma como os fariseus faziam uso da lei e da justiça que desta procedia. Eles por guardarem a lei se achavam como juízes de seus semelhantes, os quais não agiam em conformidade com eles. Quero também lhes propor uma comparação, para pensarmos juntos sobre a lei e sua justiça e o fruto do conhecimento do bem e do mal e as folhas da figueira, não como sendo opostos, mas sim como sendo dois lados de uma mesma moeda. Primeiro é necessário dizer que de certa forma, a lei e sua justiça são comparáveis aos rudimentos desse mundo, assim como afirma Paulo na epistola aos Gálatas, e do outro lado o conhecimento do bem e do mal, como base de toda produção humana, e esta nem precisa de defesa, pois qualquer um no meio cristão sabe e concorda com isso.  Sendo assim proponho olharmos para o principio da existência humana.

Na historia da queda podemos observar que a conseqüência imediata desta, após o homem ter comido do fruto do bem e do mal foi a priori um falso conhecimento de si mesmo e, como efeito deste, a posteriori um falso conhecimento de Deus. E, porque primeiro um falso conhecimento do homem e não primeiramente de Deus? Por que a primeira coisa que o homem percebeu após o pecado foi a si mesmo, e percebeu a si mesmo nu. Assim como diz Dietrich Bonhoeffer em sua Ética.
Em lugar de Deus, o ser humano enxerga a si mesmo. “E abriram-lhes os olhos”  O ser humano só pode chegar ao autoconhecimento a partir do conhecimento de Deus. Porém o inverso não é possível, pois a afirmação de que podemos conhecer a Deus, conhecendo a nós mesmos é a raiz de toda a idolatria pretensiosa de ser igual a Deus. Antes da queda o homem tinha sua consciência determinada por Deus, e tudo o que ele sabia, o sabia a partir de Deus. A medida da consciência do homem era Deus, assim como a medida de julgamento do homem também era Deus, mas após o pecado, após ele ter comido do fruto da arvore do bem e do mal, o homem se tornou a medida de si mesmo, o ego agora é o centro do seu ser.  A partir desse momento o ser humano é a única medida de julgamento do que é bom e mal, não perante Deus, mas perante a si memo. Agora a racionalização de si mesmo e de Deus é inevitável.

Vejamos que o primeiro fruto do julgamento humano após a queda foi perceber sua nudez. E ele julgou esta nudez como algo mal, por isso, coseu as folhas de figueira como vestimenta. Este primeiro uso do seu conhecimento do que é bom ou mal segundo seu julgamento, entra em contradição direta com o que Deus julga ser bom ou mal para Ele. Pois Deus criou o homem nu, e este estado estava dentro da categoria do que Deus considerou boa como criação.

E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. E foi a tarde e a manhã, o dia sexto”. Gn 1:31.
Esta é uma afirmação de que tudo o que Ele cria é bom.


  E ambos estavam nus, o homem e sua mulher; e não se envergonhavam” Gn 2:25
Este é o estado em que o homem foi criado, nu e ainda não achava isso um mal.

Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu. Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.     E, ouvindo a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim à tardinha, esconderam-se o homem e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim. Mas chamou o Senhor Deus ao homem, e perguntou-lhe: Onde estás? Respondeu-lhe o homem: Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me”.Gn 3:6-10.

Aquilo que Deus dissera que era bom, o homem diz agora que é mal. Aqui começa a contradição da vontade do homem em detrimento da vontade de Deus. Instalou-se a rebelião. O abismo que separa Deus do homem é aberto por este segundo. Sendo que, a partir de agora o homem buscara criar artifícios que lhe possam religar com Deus, mesmo que de forma inconsciente, porém sem sucesso.


No anti-fluxo da cultura legalista

segunda-feira, 23 de abril de 2012

TRABALHO DE PÓS-GRADUAÇÃO

Religiões, Gênero e Feminismo

Lucila Scavone
Por Jose Alves de Oliveira
 Resenha critica
Podemos afirmar que a evasão de fiés femininos da igreja católica que foi constatada a partir das pesquisas feitas pelas instituições (Datafolha 2007 e FGV2007), foi a priori uma consequência das transformações sociais que aconteceram principalmente a partir do final dos anos 1960 em diante. Tais mudanças permitiram as mulheres um lugar na sociedade urbano-industrial, que a muito tempo era de domínio absoluto dos homens. Este lugar que foi o mercado de trabalho, era um espaço restrito a presença masculina herdeira por excelência de uma cultura patriarcal, agora se via lado a lado com a presença feminina. O feminismo impulsionado pelas transformações sociais dadas no espaço de trabalho e, também com a revolução inventiva dos meios contraceptivos que permitira as mulheres optarem por terem ou não filhos, ou seja, quando ter, e quantos ter, decisão que antes estava de certa forma em domínio masculino, agora passa para o domínio feminino que com isso ganham a oportunidade  de reivindicarem cada vez mais seus direitos  tanto na vida privada, quanto na vida publica, mesmo numa sociedade marcadamente hierarquizada e machista.
É importante ressaltar a contradição que começava a ficar evidente, numa sociedade androcentrica em todas as suas estruturas, seja familiar, educacional ou politica. Uma vez que as mulheres haviam conseguido uma vitória  que lhes foi concedida pelas circunstancias históricas, na vida publica, ainda que, em suas vidas privada permaneciam sujeitas a uma cultura patriarcal, herdeira da tradição  católica. Neste ponto a religião católica com seus dogmas sobre o papel do homem e da mulher bem definidos, permanecia sustentando a ideia de subalternidade feminina, sem levar em conta as mudanças sociais que estavam ocorrendo na vida publica. Este posicionamento da igreja católica apenas perpetuava a desigualdade de gênero, tanto nas relações privadas, quantos nas relações publicas. Atuando contra esta posição o movimento feminista, dentro da instituição, como também fora dela, reivindicava o direito as mulheres de terem uma participação efetiva na construção histórico- cultural de suas vidas, pois uma vez que estas são maioria na igreja, haviam demandas a serem supridas; vontades, desejos e necessidades esperando compensação. É exatamente por estas e outras causas que se dará a migração das mulheres católicas para as igrejas pentecostais. Além do mais, uma vez que a igreja também faz parte do contexto social, esta deveria aceitar as consequências das mudanças ocorridas nesta sociedade, a qual ela esta inserida, pelo menos em parte. Pois a religião também é uma construção histórica e sócio-cultural. A pergunta que devemos fazer é, sendo as mulheres a maioria na igreja católica, constituindo assim sua base de sustentação, por que elas não possuem uma expressão de destaque no interior da instituição religiosa?
Outro fato constatado é que sem sombra de duvida as mulheres são mais religiosas que os homens, seja em qual for o seguimento religioso. O que fica claro neste caso é que, a quantidade e a qualidade não são determinantes, pois aqui acontece uma inversão, a maioria se torna exceção, as mulheres, a minoria a regra, os homens. Uma vez que o campo de atuação religiosa ainda permanece androcentrada.
Contudo, segundo a autora alguns avanços foram feitos, pois muitas coisas mudaram enquanto outras permanecem engessadas.
Com os efeitos da globalização que atingiram até mesmo o campo religioso, as ideias feministas se propagaram ao redor do mundo com uma maior rapidez que antes desse fenômeno. As ideias feministas começaram a ganhar visibilidade, e as contestações aconteciam em todos os âmbitos da sociedade, desde o papel da mulher na família até sua posição na instituição religiosa, que mesmo não lhes dando o seu devido valor, ainda sim propiciava um lugar de refugio, certa liberdade para expressar sua religiosidade, suas tristezas, alegrias e anseios. Pois apesar dessas mazelas, as mulheres continuam praticando sua religiosidade, mesmo que o numero dessas fies tenham diminuído na igreja católica, ao mesmo tempo em que este numero cresce na igreja evangélica pentecostal. Numa palavra, as relações de gênero foram e serão abaladas toda vez que for abalada a sociedade, com suas estruturas rígidas de tradição patriarcal. Pois as transformações sociais são dinâmicas e constantes e mesmo que as estruturas religiosas queiram manter seus status quo, suas estruturas sofrerão muitos abalos sísmicos, de todos os epicentros possíveis, sejam quais forem, sócio-cultural, politico-economico.