segunda-feira, 23 de abril de 2012

TRABALHO DE PÓS-GRADUAÇÃO

Religiões, Gênero e Feminismo

Lucila Scavone
Por Jose Alves de Oliveira
 Resenha critica
Podemos afirmar que a evasão de fiés femininos da igreja católica que foi constatada a partir das pesquisas feitas pelas instituições (Datafolha 2007 e FGV2007), foi a priori uma consequência das transformações sociais que aconteceram principalmente a partir do final dos anos 1960 em diante. Tais mudanças permitiram as mulheres um lugar na sociedade urbano-industrial, que a muito tempo era de domínio absoluto dos homens. Este lugar que foi o mercado de trabalho, era um espaço restrito a presença masculina herdeira por excelência de uma cultura patriarcal, agora se via lado a lado com a presença feminina. O feminismo impulsionado pelas transformações sociais dadas no espaço de trabalho e, também com a revolução inventiva dos meios contraceptivos que permitira as mulheres optarem por terem ou não filhos, ou seja, quando ter, e quantos ter, decisão que antes estava de certa forma em domínio masculino, agora passa para o domínio feminino que com isso ganham a oportunidade  de reivindicarem cada vez mais seus direitos  tanto na vida privada, quanto na vida publica, mesmo numa sociedade marcadamente hierarquizada e machista.
É importante ressaltar a contradição que começava a ficar evidente, numa sociedade androcentrica em todas as suas estruturas, seja familiar, educacional ou politica. Uma vez que as mulheres haviam conseguido uma vitória  que lhes foi concedida pelas circunstancias históricas, na vida publica, ainda que, em suas vidas privada permaneciam sujeitas a uma cultura patriarcal, herdeira da tradição  católica. Neste ponto a religião católica com seus dogmas sobre o papel do homem e da mulher bem definidos, permanecia sustentando a ideia de subalternidade feminina, sem levar em conta as mudanças sociais que estavam ocorrendo na vida publica. Este posicionamento da igreja católica apenas perpetuava a desigualdade de gênero, tanto nas relações privadas, quantos nas relações publicas. Atuando contra esta posição o movimento feminista, dentro da instituição, como também fora dela, reivindicava o direito as mulheres de terem uma participação efetiva na construção histórico- cultural de suas vidas, pois uma vez que estas são maioria na igreja, haviam demandas a serem supridas; vontades, desejos e necessidades esperando compensação. É exatamente por estas e outras causas que se dará a migração das mulheres católicas para as igrejas pentecostais. Além do mais, uma vez que a igreja também faz parte do contexto social, esta deveria aceitar as consequências das mudanças ocorridas nesta sociedade, a qual ela esta inserida, pelo menos em parte. Pois a religião também é uma construção histórica e sócio-cultural. A pergunta que devemos fazer é, sendo as mulheres a maioria na igreja católica, constituindo assim sua base de sustentação, por que elas não possuem uma expressão de destaque no interior da instituição religiosa?
Outro fato constatado é que sem sombra de duvida as mulheres são mais religiosas que os homens, seja em qual for o seguimento religioso. O que fica claro neste caso é que, a quantidade e a qualidade não são determinantes, pois aqui acontece uma inversão, a maioria se torna exceção, as mulheres, a minoria a regra, os homens. Uma vez que o campo de atuação religiosa ainda permanece androcentrada.
Contudo, segundo a autora alguns avanços foram feitos, pois muitas coisas mudaram enquanto outras permanecem engessadas.
Com os efeitos da globalização que atingiram até mesmo o campo religioso, as ideias feministas se propagaram ao redor do mundo com uma maior rapidez que antes desse fenômeno. As ideias feministas começaram a ganhar visibilidade, e as contestações aconteciam em todos os âmbitos da sociedade, desde o papel da mulher na família até sua posição na instituição religiosa, que mesmo não lhes dando o seu devido valor, ainda sim propiciava um lugar de refugio, certa liberdade para expressar sua religiosidade, suas tristezas, alegrias e anseios. Pois apesar dessas mazelas, as mulheres continuam praticando sua religiosidade, mesmo que o numero dessas fies tenham diminuído na igreja católica, ao mesmo tempo em que este numero cresce na igreja evangélica pentecostal. Numa palavra, as relações de gênero foram e serão abaladas toda vez que for abalada a sociedade, com suas estruturas rígidas de tradição patriarcal. Pois as transformações sociais são dinâmicas e constantes e mesmo que as estruturas religiosas queiram manter seus status quo, suas estruturas sofrerão muitos abalos sísmicos, de todos os epicentros possíveis, sejam quais forem, sócio-cultural, politico-economico.

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